Eu não sei mais se eu sei fazer isso aqui. Não tenho certeza se ainda sei escrever de forma linear e que faça algum sentido. Eu fazia tanto isso, era semanalmente. 

Passou tanto tempo que dá até um pouco de vergonha de postar alguma coisa, mas foda-se. Se ficar um post extremamente pessoal, bom…continue lendo se gostar.

Eu queria ter te contado cada coisa e tanta coisa que aconteceu nesses ultimo 365 dias, mas não pude. 

Foram quatro mudanças de casa no Canada, isso só no primeiro ano aqui. Agora estou na quarta casa, com minha tão esperada Golden Retriever – Willow, e com mais uma conquista comprada pela primeira vez sozinha, e posso dizer que mesmo não gostando de ouvir quando criança e adolescente tantas negociações sendo feitas, e muitas vezes não prestando atenção, alguma coisa meu cérebro absorveu e até que me surpreendi com a quantidade de coisa que saiu da minha boca, e acredito que fechei um bom negócio.

Depois de um mês morando na casa 4 – a atual, o aluguel aqui é doido – comecei a procura da minha filha de 4 patas, falei com diversas pessoas e criadores, e finalmente achei uma familia que não vive de vender filhotes, mas que tem uma fazenda com muito espaço, cavalos, uma lhama, e os pais da Willow. A coincidência começou quando, eu por estar precisando e querendo um animal de estimação para me ajudar com minhas crises de ansiedade, os pais da Willow são cães de terapia, e trabalham em escolas infantis fazendo justamente o que eu precisava.

Pois bem, cheguei lá, conheci a familia e vi os filhotes. Sua neta olhou pra mim de canto de olho com olhar de deboche, foi aí que sabia que ela era minha.
A segunda coincidência é que depois de ter escolhido e já trazido a Willow para casa, minha cabeleireira e amiga, também adotou da mesma ninhada a Britney, que hoje se encontram para brincar e se amam.

Também não foi apenas um mar de rosas, na verdade na maior parte do tempo o mar estava cheio de rato. Mas eu gosto de começar contando as coisas boas que aconteceram e pelas quais sou grata, como por exemplo a vinda de mamãe para me visitar e passar um tempinho em terras canadenses. Eu me orgulhei dela ter vindo all the way do Brasil para cá sozinha. Mulher forte e corajosa, como eu – aquelas. Em todo canto que fomos visitar e explorar juntas eu pensava que voce iria ter adorado conhecer onde eu moro. Sabe aquelas paisagens lindas de campos enormes, lagos e montanhas que voce adorava ver nos filmes? Aqui é onde mais tem isso, e até hoje a cada novo lugar que conheço eu penso em voce e como voce iria adorar tudo isso.

Os momentos de maior dificuldade, também perguntava a mim mesma o que meu pai faria ou me aconselharia a fazer e parece que, com intuição, eu consegui me  virar em muitas delas, se não todas.
Foram muitos meses vivendo em um furacão, emoções a flor da pele. Fiquei doente duas vezes com Covid-19 e na segunda vez tive que ir ao hospital, e nestes momentos onde me sentia mais fraca e desprotegida eu pensava em voce e como voce foi forte em lutar com as coisas da sua vida e os obstáculos da saúde. Como sempre voce e minha mãe me ensinando a ser forte.

Já que estamos falando de ser forte, eu tive uma época, não faz muito tempo, em que simplesmente cansei de ser forte e não gostava quando as pessoas me chamavam como tal. É realmente exaustante, porém a única forma de continuar. E por ter ouvido isso a vida inteira: ‘Como voce é uma garota forte e corajosa’ – eu cansei. Eu não sou assim só por que foi algo ensinado a mim, mas porque não existe outra forma, não existiria outra forma de chegar onde eu cheguei ser ser forte. Então hoje vejo que sim, sou grata por ter aprendido a ser forte, mas não, não tenho a necessidade de ser o tempo todo.  P.S.:Foram muitas crises de pânico até chegar a formar essa linha de raciocínio sobre cansar de ser forte, citado acima.

Gostaria tanto de ter te contado tantas coisas nos mínimos detalhes, desde o Oi até o Tchau, mas eu tenho certeza de que onde quer que voce esteja, voce soube um pouco de tudo o que rolou por aqui. Eu sei que faz muito tempo que não escrevo, nem para voce nem para mim, ou para ninguém. Mas esse habito quem me sempre incentivou foi voce e eu adoro isso. Mais uma vez, digo que continuarei tentando e me esforçando para voltar com meus bons e velhos hábitos que deixei de lado por tanto tempo. E principalmente, voltar a mim mesma que ficou dormente por mais de um ano, e que agora parece estar querendo acordar. Mas como prometido e pedido por voce, eu não desisti de nada, de nenhum sonho, nenhum plano, continuei meu caminho, mesmo que um dia cambaleando e o outro não.

Espero que consiga sentir um pouco das minhas palavras de amor e da minha saudade. 

xo